O corpo do fuzileiro naval Fabio dos Santos Maciel será enterrado na tarde desta quinta-feira no Cemitério Parque Tarumã, em Manaus (AM). O corpo chegou à cidade na madrugada de ontem, depois de dois dias de espera de parentes e amigos do noivo, que morreu ao sofrer um corte na veia femoral causado por um copo, no bolso, ao cair após a festa de casamento. Do aeroporto, o caixão foi levado para a casa de Maria Regina dos Santos Maciel, mãe do fuzileiro, onde foi velado por mais de 24 horas, e deixará a casa hoje, às 9h. Ontem, o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) disse que investigará o caso.
O Cremerj abrirá sindicância para apurar o atendimento na UPA da Ilha e no Hospital Paulino Werneck, onde ele chegou morto. Parentes do noivo acusaram a unidade de negligência e afirmaram que receberam orientação para que ele fosse transferido, porque a UPA não tinha condições de atender o fuzileiro.
De acordo com o conselho, apenas um médico poderia autorizar a transferência da UPA para um hospital. Entretanto, segundo nota enviada pela Secretaria estadual de Saúde, a transferência na Unidade de Pronto Atendimento teria sido autorizada por uma enfermeira.
O velório
A viúva Geise Guimarães, que está em Manaus desde segunda-feira, ficou a maior parte do velório sentada em frente ao caixão, acariciando o rosto do marido. Quando algum amigo do casal se aproximava, Geise se esforçava para falar. Mas não conseguia. Logo, engasgava, abaixava a cabeça e tentava segurar as lágrimas. Só no fim da tarde, cansada das noites maldormidas e sob o efeito de calmantes, foi convencida a descansar, num quarto da casa.
— Ela ainda está abatida emocionalmente. Estamos tentando convencê-la a dormir mais, mas ela quer ficar o tempo todo em frente ao caixão, olhando para o marido. Quase não fala e está sendo acompanhada por uma psicóloga — conta o funcionário público Oriali Correa dos Santos, amigo do casal.
Parentes e colegas de farda compareceram ao velório. O enterro, que será feito com honras militares, está sendo organizado pela Marinha. À tarde, fuzileiros, colegas de Fabio, cumpriram um desejo dele: organizar um churrasco para os amigos, depois do casamento. A reunião ocorreu nos fundos da casa da família, onde os convidados relembraram histórias do noivo. Com nostalgia e tristeza.
Tragédia sensibiliza até empresa aérea
Até ontem de manhã, Antonio Marcos Arsen Salazar e Aparecida Maciel, cunhado e tia de Fabio, não sabiam se poderiam ir ao enterro dele, em Manaus. Com a passagem de volta marcada para sexta-feira, eles precisariam pagar até R$ 3.000 para antecipar o retorno à cidade após o casamento, que teve um fim trágico. Mas a história do fuzileiro sensibilizou a companhia aérea, que antecipou as passagens sem cobrar a mais. Com isso, os parentes chegaram a tempo de acompanhar o velório, no fim da tarde.
— Só tenho a agradecer. Agora, vou poder me despedir do meu cunhado pela última vez — disse Antonio Marcos, casado com uma das irmãs do fuzileiro.
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