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domingo, 29 de julho de 2018

Campos e SFI presentes na manifestação pelo fim da violência contra mulheres negras no Rio

Caravanas de Campos e também de São Francisco de Itabapoana (SFI), municípios do Norte Fluminense, participaram da passeata neste domingo (29/05) em Copacabana, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, que protestou contra a violência que atinge as mulheres negras em todo o país. Segundo dados do Atlas da Violência 2018, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de homicídio de mulheres negras no país é de 5,3 por 100 mil habitantes.
O número é 73% superior ao registrado entre as mulheres não negras, cuja taxa de homicídios é de 3,1 por 100 mil habitantes. Os dados são de 2016. Em dez anos, a taxa de assassinatos de mulheres negras aumentou 15,4%, enquanto entre as não negras caiu 8%.
A Marcha das Mulheres Negras, feita anualmente desde 2015, tem uma pauta com 27 reivindicações, que incluem o fim do feminicídio da mulher negra, a investigação dos casos de violência doméstica, o fim do racismo e sexismo na mídia, o acesso à saúde de qualidade, o fim da violência contra religiões de matrizes africanas e a entrada de mais mulheres no poder.
“A gente vem denunciando isso desde que o mundo é mundo. O Estado brasileiro tem um projeto de execução [morte] do povo preto. E essa execução não se dá só com arma de fogo. Ela se dá quando você não tem saúde, quando você não tem casa, não tem educação, não tem qualidade de vida. A gente está comemorando neste ano os 70 anos da Carta dos Direitos Humanos [da ONU] e a gente está procurando esses direitos humanos até hoje”, disse Clatia Vieira, do Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio, uma das organizadoras da marcha.
Segundo Clatia, o assassinato de Marielle Franco, vereadora negra do PSOL carioca, que foi executada a tiros em março deste ano, coloca um peso maior na luta pelos direitos das mulheres negras.
“É claro que a execução da Marielle traz muitos medos para a gente que é militante. A gente tem medo. Mas o medo também traz a coragem, porque a gente precisa viver e sobreviver para cuidar dos nossos. A Marielle fica como um estímulo para a gente dizer que a luta é muito grande. A gente tem uma intervenção racista que não escuta a comunidade negra e que não tem proposta para a gente. Os números só são matar, matar preto”.As caravanas que partiram do interior do Rio foram organizadas pela coordenação municipal do Fórum de Mulheres Negras, através da Maria José Serafim Jorge, juntamente com Quilombolas, Movimento de Mulheres, Coletivos de Mulheres de Fazendinha, Movimento Campista de Pesquisa de Cultura Negra (MCPCN), Instituto de Desenvolvimento Afro Norte e Noroeste Fluminense (IDANNF) de Campos e SFI, Cota Boa e Movimento Negro Unificado (MNU).
“Estamos todos no movimento de discussão do Fórum Estadual de Mulheres Negras que ano a ano que se discute a questão da mulher negra e o papel dela na sociedade”, disse Lucimar Muniz, coordenadora do Instituto de Desenvolvimento Afro do Norte e Noroeste Fluminense.
A Marcha também faz parte da programação em celebração pelo Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha – instituído pela Lei Estadual 5.071 e a Lei Municipal 7.924 que completou 11 anos –, que contou com homenagens às mulheres negras na Câmara de Vereadores e Panfletagem e distribuição de flores na Praça São Salvador, no último dia 25.

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