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quarta-feira, 22 de agosto de 2012


HPV: como evitar o contágio com o vírus que pode provocar o câncer?

Fotos: Carlos Grevi
Especialistas explicam como ocorre o contágio e formas de prevenção
Especialistas explicam como ocorre o contágio e formas de prevenção
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“A partir do momento em que se inicia uma vida sexual existe o risco de se contaminar com HPV”. Afirma a diretora dos programas especiais da Superintendência de Saúde Coletiva da Secretaria Municipal de Saúde, a médica ginecologista e obstetra Cândida Medeiros Ribeiro Barcelos. Em entrevista ao site Ururau ela e o cirurgião dentista Adão Barcelos, explicaram como ocorre o contágio pelo vírus, que tem participação em cerca de 100% de câncer no colo do útero, 96% nas verrugas genitais e 90% em alguns tipos de câncer de orofaringe (região oral).

O Human Papiloma Virus (HPV) é um vírus que se pega por contato, ou seja, pele-pele, mucosa-mucosa. De acordo com Cândida, salvo se a pessoa não tiver um cuidado higiênico com o próprio corpo, o índice de se contaminar através de utensílios como toalhas, roupas íntimas, etc, fica em torno de 2%, sendo quase nula essa possibilidade.

“Com relação a condilomatose (verrugas) o uso de preservativo não será tão eficaz, pois as verrugas ficam expostas nas extremidades dos órgãos genitais. Já para a prevenção do câncer no colo do útero, usar camisinha é extremamente importante, porque para se pegar o HPV responsável pelo tumor, tem que haver o contato da região contaminada, pele ou mucosa, na parede do útero”, explicou a médica.

Cerca de 200 variações do vírus circulam em todo mundo. Desse número, 20 são considerados graves, ou seja, elevam risco de contrair um câncer. “Os mais perigosos são os tipos 16 e 18. Esses são responsáveis por 70% de câncer no colo do útero, segundo tipo de tumor mais frequentes nas brasileiras, 90% de câncer oral, 40% de câncer no pênis, 96% de câncer no ânus, etc”, mencionou Candida.

A descoberta de que o HPV teria participação em alguns tipos de cânceres de boca, através do beijo, e principalmente do sexo oral, pegou muita gente de surpresa, como explica o dentista Adão Barcelos.

“Principalmente o tipo 16, está fortemente relacionado aos tumores da cavidade oral. O que mais espanta é que se pode pegar o vírus através de um simples beijo. Nesse caso, a transmissão se dará, se o indivíduo estiver com uma pessoa no qual a doença esteja em fase aguda”, ressaltou Adão.

Uma nova pesquisa vem estudando a possibilidade em se criar uma vacina curativa para o HPV e também, a introdução da vacina nonavalente, onde além dos 6, 11, 16 e 18, também vai pegar os subtipos de auto risco do HPV. Segundo Cândida, essa vacina deve entrar no mercado em cinco anos. “A diferença dessa nova vacina para a quadrivalente atual é que a gente ampliaria essa projeção de proteção de 70% para 82%”, informou a médica.
   

VACINAÇÃO AINDA É O MELHOR MÉTODO DE PREVENÇÃO CONTRA O HPV
Segundo a ginecologista, em relação a vacinação a nível nacional, Campos saiu na frente. De acordo com ela, o município do Norte Fluminense e algumas cidades do país, têm o programa de imunização para HPV municipalizado.

“O que me incentivou a levar esse projeto para o município de Campos, foi no sentido de implantar um programa que prevenisse doenças e não apenas as tratasse. Um projeto que daria boa qualidade de saúde à população”.

A campanha culminou em 2011, com meta de vacinar 17 mil meninas entre 11 e 15 anos, em 270 escolas públicas e particulares. “Realizamos uma pesquisa para decidirmos qual tipo de vacina iríamos utilizar a bivalente que pega o 16 e o 18, ou a quadrivalente que pega o 6, 11, 16 e o 18. Como o custo das duas vacinas ficaria o mesmo, optamos pela a quadrivalente, pois poderíamos dar uma vacina, que além da proteção contra o câncer, também teríamos excelentes resultados contra doenças sexualmente transmissíveis responsáveis pelas condilomatoses”, revelou.

Indagada sobre a escolha da faixa etária das meninas, a médica ressaltou que optar por uma idade a nível de resposta imunológica a vacinação, é a melhor escolha. Segundo ela, a idade ideal seria em torno dos 11, 12 e 13 anos. E Campos ainda ampliou essa faixa etária para 11 à 15 anos.

“Em relação ao início da vida sexual no Brasil, especificamente no Estado do Rio de Janeiro, nós temos meninas que começam muito cedo entre 14 a 16 anos. Isso faz com que os riscos do contágio com o HPV aumente bastante, então mais um motivo para se vacinar antes do início da vida sexual que é o ideal. Não que depois que se inicia a vida sexual, as mulheres não podem se vacinar, podem e devem. Mas, a eficácia e os resultados são melhores antes dela entrar em contato com qualquer tipo de vírus do HPV”, frisou.

A diretora dos programas especiais reforçou que para obter uma efetividade da vacina, é de extrema importância tomar as três doses. “O que nós pudemos notar desde que começamos com a campanha, é que muitas adolescentes não retornaram ao posto para repetir as doses, pois acreditam que apenas tomando a primeira já estão imunizadas, o que não é verdade. Então é muito importante os pais/responsáveis por esses meninas completarem o calendário para o HPV”, alertou.

Segundo Cândida, a vacina entrou num projeto de prevenção ao câncer do colo, mas, ela não é única.  “A vacina ela é caracterizada como prevenção primária, daí o motivo para se vacinar adolescentes. A prevenção secundária viria através de métodos de prevenção, como exames de papanicolau, etc, que toda mulher deveria ter a partir do início da vida sexual. No Brasil, essa prevenção é indicada a partir dos 25 anos”, finalizou.

VACINAS SERÃO DISTRIBUÍDAS GRATUITAMENTE DAQUI HÁ DOIS ANOS
Em 2014, o governo passará a distribuir vacinas gratuitamente contra o vírus HPV. Hoje, as doses são importadas das fábricas da Merck, nos Estados Unidos, e da Glaxo, na Bélgica, ao custo de US$ 30 cada uma. Para oferecê-las na rede pública, o governo quer que sejam produzidas no Brasil por um preço menor. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, estipulou US$ 5 como referência. Pediu propostas às duas multinacionais e aos laboratórios públicos. Padilha promete compensar a redução do preço com grande volume de compra.

O ministro esteve no município de Campos, a fim de conhecer o funcionamento do programa da campanha de vacinação contra o HPV.


Kelly Maria

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