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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Traição de bandido que trocou tráfico por milícia pode ter motivado guerra no Rola

Uma traição pode estar por trás da guerra entre traficantes e milicianos que há quase uma semana vem aterrorizando moradores da comunidade do Rola, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Informações da polícia apontam que o pivô dos confrontos é um criminoso conhecido como Sonic, ainda não identificado formalmente, até então responsável por controlar a venda de drogas na região em nome do Comando Vermelho (CV). O suspeito teria trocado a facção pelo grupo paramilitar chefiado por Wellington da Silva Braga, o Ecko, e comandado as ofensivas da milícia para assumir o controle do Complexo do Rodo, que abrange as favelas conhecidas como Rola 1 e Rola 2.

Após mais uma madrugada de tiroteio, PM faz operação nas favelas do Rola e de Antares

A mudança de lado, segundo os relatos colhidos por policiais, foi intermediada pelo próprio Ecko e ocorreu há cerca de dez dias. Ao trocar de quadrilha, Sonic teria fugido dos antigos comparsas levando armas, incluindo fuzis, e até dinheiro vivo. Ainda de acordo com essas informações, ele passou a se esconder, acompanhado de paramilitares, nas comunidades vizinhas Cesarão e do Aço.

Foi dessas duas favelas que, no fim da última semana, poucos dias depois da traição, partiram bondes armados em direção ao Complexo do Rodo. Bem-sucedidos, os milicianos chegaram a se instalar na região, mas o CV vem buscando contraofensivas desde então, com baixas de ambos os lados na disputa por território.

Os ataques dos traficantes têm origem em outra favela vizinha, a de Antares, onde os bandidos se refugiaram. A polícia já sabe que houve reforço por parte de outras comunidades dominadas pela mesma facção, como Vila Kennedy e Juramento, nas zonas Oeste e Norte, respectivamente.
Nas redes sociais, bandidos do CV fazem ameaças abertas ao antigo aliado. Em um funk do tipo “proibidão” no qual a facção promete “picotar o Sonic”, visto quase 25 mil vezes no Youtube, os bandidos avisam ao rival: “Nós ‘te pega’ qualquer dia”. No mesmo canal, em abril, o tom era outro. Uma sequência intitulada “No pique da Tropa do Sonic” louvava a gestão do então “frente’’ do tráfico: “o Rodo tá uma uva, e a boca tá fluindo”.

Durante os dias consecutivos de confronto, nos quais a PM também fez incursões pontuais no Rola — através do 27º BPM (Santa Cruz) e de outras unidades, como os batalhões de Choque e de Operações Especiais (Bope) —, chegou a circular a informação de que Sonic teria sido preso ou morto após um desentendimento com os novos alilados. Nada disso, porém, foi confirmado pelas autoridades.
Na noite de segunda-feira, um novo tiroteio teve início no Rola. Na manhã de terça, houve mais um confronto, dessa vez durante uma operação do Batalhão de Choque, que deixou dois suspeitos feridos. Com eles, foram apreendidas duas pistolas com carregadores e drogas.

A PM já havia realizado incursões na segunda-feira e no fim de semana. Em uma delas, quatro policiais militares foram presos administrativamente por suspeita de integrar a milícia que atua na região.

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